O papel da Ufam no processo de desenvolvimento do Amazonas
Seminário: O papel da UFAM no processo de desenvolvimento do Amazonas
A Universidade que temos, a universidade que queremos e a universidade possível
José Ribamar Bessa Freire, ex-professor da UFAM (Uerj-Unirio)
O então reitor da Universidade de Würzburg, na Alemanha, Theodor Berchen, abriu o IX Congresso Internacional de Universidades, na Finlândia, em 1990, afirmando que a universidade vive uma tensão permanente entre, de um lado, o compromisso com as culturas nas quais estão imersas - que são particulares e, de outro, com a ciência - que aspira a universalidade. Segundo ele, o conhecimento universal só pode ser construído se houver diálogo de saberes.
Para destacar a importância da universidade, o autor imagina que se bombas destruírem o planeta, mas sobrar uma única universidade, "a partir dela podemos reconstruir o mundo", porque no cérebro de seus membros, nos livros de suas bibliotecas, nas ementas e nos currículos de seus cursos estão armazenados grande parte do saber que dispõe a humanidade.
- E se a instituição poupada for uma universidade amazônica? Os nossos cursos, currículos, bibliotecas, laboratórios e pesquisas nos permitiriam reconstruir a Amazônia com suas experiências milenares? Em que medida as nossas universidades reconhecem o saber tradicional das culturas amazônicas e promovem a interlocução com o acadêmico? Como elas administram essa tensão entre o universalismo da ciência e a particularidade das culturas locais? Qual o lugar que reservam para as línguas e para os conhecimentos que nelas circulam?
Dentro da Amazônia funcionam hoje diversas universidades públicas e algumas privadas, mas até que ponto a Amazônia está dentro delas? Podemos avaliar essa questão a partir de um olhar histórico sobre a primeira de todas - a Universidade Livre de Manáos - criada no apogeu da economia da borracha, em janeiro de 1909 e de outro olhar para as promessas de novas universidades no Alto Solimões e no Baixo Amazonas.
É interessante refletir sobre o tratamento dado pelas universidades existentes na região e por aquelas que se pretende criar aos saberes populares que circulam nas narrativas orais, nos cantos e na poesia, assim como o lugar que atribui às línguas amazônicas e às taxonomias nelas produzidas. E hoje, o que existe de Amazônia dentro das nossas universidades? O que existe de Brasil? Como as universidades amazônicas podem promover esses encontros de saberes?
Esse é o tema que pretendemos abordar em nossa apresentação ao Seminário sobre o papel da UFAM no processo de desenvolvimento regional.
O Seminário será realizado no dia 28 de março de 2019, no Auditório da Faculdade de Estudos Sociais, na Ufam.