Ufam fortalece extensão com Circuito Amazônico mobilizando unidades de Itacoatiara, Parintins, Benjamin Constant e Coari
Com o propósito de aproximar ciência, cultura e sustentabilidade das realidades amazônicas, a Universidade Federal do Amazonas (Ufam), por meio da Pró-Reitoria de Extensão (Proext) e da Pró-Reitoria de Inovação Tecnológica (Protec), realizou a edição mais abrangente do Circuito Amazônico de Extensão, levando ações itinerantes a diferentes municípios do interior do estado. O evento, que contou com apoio do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), reafirma esse perfil de política universitária como uma ponte essencial entre o saber acadêmico e as demandas sociais dos territórios amazônicos.
Ao longo das últimas semanas, docentes, discentes, técnicos e lideranças comunitárias se reuniram nos campi de Itacoatiara, Parintins, Benjamin Constant e Humaitá em uma programação diversa, que valorizou as culturas locais, o protagonismo estudantil e o desenvolvimento de tecnologias sociais voltadas às realidades amazônicas.
Em Itacoatiara, no Instituto de Ciências Exatas e Tecnologia (Icet), as atividades concentraram-se em temas como saúde comunitária, educação ambiental e gestão de resíduos, além de ações de economia solidária e empreendedorismo envolvendo artesãos e microempreendedores. Projetos vinculados ao Pace, Pibex e Ligas Acadêmicas apresentaram resultados em áreas como segurança alimentar, formação de professores, inclusão digital e sustentabilidade, sempre com intensa participação da comunidade.
Entre as iniciativas de destaque, o projeto Pibex de Astronomia levou práticas de popularização científica para escolas e espaços públicos, despertando a curiosidade de crianças e jovens. O estudante Leonardo Eicke, do curso de Matemática e Física do Icet, afirma que a experiência ampliou o alcance da ciência no interior. “Trazer o projeto de Astronomia para o interior mostra que ciência também nasce no céu amazônico. Muitas crianças nunca haviam observado o céu com telescópio, e ver o encantamento delas nos lembra por que a extensão é tão transformadora”, disse.
A professora Suéllen Hinnah, da área de Esgotamento Sanitário, destacou a importância do diálogo com a comunidade. “As ações de educação ambiental e gestão da água são fundamentais para fortalecer a sustentabilidade no território. A extensão nos permite ouvir as famílias, entender suas necessidades e construir soluções junto com elas - e não apenas para elas”, afirmou.
No campus de Parintins, o Instituto de Ciências Sociais, Educação e Zootecnia (Icsez) reforçou a diversidade temática da extensão com projetos como o Parintins N’Ativa, voltado para práticas esportivas, cidadania e políticas comunitárias, e com o “Amazonas Leite: Produzindo leite com sustentabilidade”, iniciativa coordenada pela professora Soraya Freitas que integra produção sustentável, capacitação técnica e segurança alimentar. Mostras, rodas de conversa e apresentações de tecnologias sociais destacaram o compromisso da unidade com práticas que dialogam diretamente com as necessidades sociais do Baixo Amazonas.
No Alto Solimões, o campus de Benjamin Constant assumiu caráter marcadamente intercultural. As mobilizações envolveram comunidades, escolas, movimentos culturais e organizações locais, com atividades que valorizaram línguas e culturas indígenas, saúde intercultural, agroecologia e formação continuada de professores. As ações reforçaram o compromisso da universidade com metodologias participativas que reconhecem e difundem saberes tradicionais, ampliando seu alcance para cidades vizinhas como Tabatinga.
Em Coari, no Instituto de Saúde e Biotecnologia (ISB), o Circuito Amazônico contou com a coordenação da equipe da Proext e do comitê de extensão local, tendo à frente as professoras Verônica Jokasta e Luciane Perez, com apoio da direção do Instituto. A programação reuniu palestras, rodas de conversa, exposições, cursos e reuniões estratégicas voltadas ao fortalecimento da extensão universitária na unidade.
A abertura contou com a palestra “Para que (e quem) serve o seu conhecimento?”, ministrada pela professora Jamylle Nilon (UFU), reunindo docentes, discentes e representantes da comunidade externa. Na sequência, houve um diálogo entre a Proext e representantes do Comex local para alinhamento de orientações administrativas, seguido da oficina “Formação de agentes de comunicação”, conduzida pelo servidor da TV Ufam Sérgio Teodoro.
No segundo dia, a Mostra somou a apresentação de 28 projetos desenvolvidos por docentes, estudantes e técnicos em parceria com a comunidade. A equipe da Proext visitou ainda o projeto “Pequeno Cientista”, coordenado pela professora Ana Kaminski Mechi, que desenvolve atividades de iniciação científica com crianças e jovens de Coari. A programação incluiu ainda um debate conduzido pela professora Andreza Weil com coordenadores de curso e representantes de NDEs sobre a curricularização da extensão, enquanto Sérgio Teodoro ministrou oficina sobre acessibilidade nas mídias, temática central para projetos de todas as áreas.
Em Humaitá, sede do Instituto de Educação, Agricultura e Ambiente (IEAA), onde as atividades ainda irão acontecer, estas se centralizarão em torno da sustentabilidade, tecnologias sociais e práticas de educação cidadã. Oficinas sobre manejo responsável da água, reciclagem e preservação de nascentes serão realizadas com escolas e associações de moradores, enquanto estudantes e pesquisadores apresentarão tecnologias aplicadas à agroindústria familiar, agricultura sustentável e aproveitamento de resíduos.
Avaliação prévia - Para a pró-reitora da Proext, professora Flávia Melo da Cunha, o Circuito Amazônico reafirma o compromisso da Ufam com uma extensão multicampi, integrada e sensível aos territórios. “Com ações do Pace, Pibex, programas institucionalizados de extensão e ligas acadêmicas, o Circuito Amazônico de Extensão consolidou-se como uma das maiores iniciativas multicampi da Ufam”, garantiu.
A programação desta edição também integrou a Exposição Digital de Tecnologias Sociais, transmitida pela TV Ufam, ampliando a visibilidade de soluções inovadoras desenvolvidas pela universidade para enfrentar desafios sociais, econômicos e ambientais nos diversos territórios amazônicos atendidos pelo Circuito.